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Genética de cores em galinhas

Embora muitas características das galinhas nos chamem atenção, são as cores das penas que mais nos fascinam, tanto por sua beleza quanto por sua mística, não é raro ouvirmos: “não tem como prever, é genética”, na verdade tem sim, embora seja muito complexo e envolva muitos genes, seu estudo é tão fascinante quanto o prazer em acertar a cor dos futuros penosos.

Para entendermos melhor como ocorre a transmissão da informação genética dos pais para os filhos, recomendo a leitura dos posts Genética Básica I e Genética Básica II, do nosso blog.


Advertências:

  1. Antes de começarmos, preciso esclarecer que as nomenclaturas não estão muito definidas no português brasileiro e ora ou outra eu usarei os termos em inglês;

  2. Existem inúmeros genes mudo afora e suas interações, aqui tratarei dos mais comuns no Brasil;

  3. Existem genes únicos que definem diversas cores e cores que são definidas por diversos genes, nos exemplos irei tratar ou um ou outro, recomenda-se parcimônia;

  4. Recomendo um estudo geral sobre cores para facilitar o entendimento;

  5. Neste primeiro post irei falar basicamente dos padrões macros e nos posts futuros trataremos das cores mais especificamente.

Nos animais em geral existem dois tipos de melanina, a eumelanina que é um pigmento preto ou acinzentado e pheomelanina que é um pigmento avermelhado, indo do amarelo ao castanho escuro. Nas galinhas ambos podem estar presentes, inclusive com interações entre si. Uma ave toda preta ou azul (cinza) produz somente eumelanina, uma buff (ave toda alaranjada) produz apenas pheomelanina, uma toda branca não produz nenhuma. Um galo perdiz, por exemplo, produz as duas.

Existe basicamente dois genes que produzem a pheomelanina, um ligado ao sexo outro autossômico. Já a eumelanina existem inúmeros genes com graus diferentes de produção e expressão na ave, esses genes são chamados de intensificadores (leia-se: intensificares de preto). Existe também genes intensificadores de pheomelanina e diluidores de ambos.


Talvez o principal gene, chamado de S (silver, prata em inglês) produtor/inibidor de pheomelanina seja o dourado/prateado. Esse é um gene ligado ao sexo, - releia o post genética básica II – o galo bankiva selvagem é dourado, logo produz pheomelanina, sua mutação é prata domiante, ou seja, incapaz de produzir pheomelanina (lembre-se que há um gene autossomal que pode interferir), assim, uma leghorn perdiz é dourada, uma brahma light é prata, portanto não tem o dourado. Como esse gene já se expressa no dia do nascimento é muito comum ser utilizado para sexagem de pintinhos no dia do nascimento, para isso basta eu pegar um galo dourado e cruzar com galinhas prateadas, como se segue:

Galo dourado ss x galinha prata S_

100% galinha dourada s_

100% galo prata Ss – isso porque o prata irá dominar o dourado.

Acima uma galinha dourada.

Se fizermos o cruzamento inverso teremos:

Galo prata SS x galinha dourada s_

100% galinha prata S_

100% galo prata Ss, da mesma forma que o cruzamento anterior o gene dourado por ser recessivo não irá se expressar. Abaxo ao lado segue uma foto de um galo prata heterozigoto.

Acima uma galinha prata




Se utilizarmos esse galo prata heterozigoto (hetero = diferente, zigoto = referente aos genes) com uma galinha dourada, será:

Galo prata Ss x galinha dourada s_

50% galinha prata S_

50% galinha dourada s_

50% galos dourados ss homozigoto

50% galos pratas Ss heterozigoto, como o reprodutor.






A grande desvantagem de usar esse gene para fazer a sexagem dos pintos no dia do nascimento é ter que ter obrigatoriamente dois planteis, um de fêmeas pratas outro de machos dourados.


Outro padrão são os genes do loci E. Um locus é o local dentro do cromossomo onde fica o gene, são cinco diferentes alelos. A expressão desses genes só é possível ver nos pintinhos de um dia, por isso é importante conhecer bem para poder fazer seleção, os genes são, em graus de dominância:

  • Existem muitas controvérsias a respeito de quantos alelos existem, teorias com oito e cinco são as mais aceitas, entretanto existem trabalhos consistentes afirmando haver até dez alelos. Minha opinião é que os cinco alelos são aceitos por todos, mais fáceis de identificar, além de que outras afirm

ações de novos alelos já foram refutadas como interação entre outros genes.

EE – Extended black, extensão do preto. Esse gene é o mais dominante, é muito usado em raças onde os animais adultos são todos pretos, como nos Gigantes Negros de Jersey, identificamos esse gene pois os pintinhos são pretos com a barriga amarela.

Na primeira foto temos um pintinho preto, que não dá para distinguir se é um EE ou um ER, na foto do meio já dá para ver claramente que se trata de um Birchen e o da última foto um EE.

Pintinho preto
pintinho ER





ER – Birchen. Esse gene, também muito comum em raças com variantes pretas é bem parecido com os EE, entretanto as áreas em amarelos são menores, restritas à barriga e as pontas das asas;


Ewh – Wheaten, trigo. Esse loci tem muitas controvérsias, uns chamam de trigo dominante, outros apenas trigo e há quem diga é existe o trigo recessivo. Aqui no Brasil muitos dos trigos são trigos dominantes, embora as linhas francesas usem o trigo recessivo. Na prática não irá mudar muito, pois eles não exercem uma dominância completa com os outros dois loci. Esse gene é caracterizado pelos pintinhos totalmente amarelos (ou brancos) ao nascer, esse padrão pode ser um pouco escuro, confundindo com o marrom. É o gene eleito para a cor buff, gene muito presente nas aves de rinha.

E+ - Wild type, ou selvagem. São os pintinhos que nascem com estrias no sentido cabeça calda e nos olhos. Gene que deu origem à coloração perdiz, embora possa ter aves perdiz de trigo e marrom, os galos não apresentam diferença, nas fêmeas selvagens com presença de pheomelanina as penas do peito são de tom salmão. É o gene do bankiva, o galo selvagem.

Na foto ao lado temos um pintinho trigo e dois selvagens, sendo o do meio um dourado e da esquerda e um prata.



Eb – Brown, marrom. O mais recessivo de todos os alelos, são pintinhos marrons de cor homogenia, mais escuros que os trigos, presentes na raça brahma dark. Os galos são idênticos aos trigo e selvagem.

Embora na foto ao lado tenha outros pintinhos, dá para notar o padrão do marrom, esse pintinho em particular tem também o gene barrado, ou carijó, que pode ser notado pela pinta atras da cabeça e as penas das asas.

Esses genes irão interferir basicamente na capacidade de expressão dos genes intensificadores de preto, por exemplo será muito difícil um animal preto sendo um trigo. Também irão interferir na expressão de outros genes, como o já citado buff, branco dominante, colúmbia, e muitos outros.

Como estes genes produzem padrões em função dos cruzamentos, pode acontecer dificuldade na identificação dos pintinhos no dia do nascimento, daí, mais uma vez, a importância de sabermos os genes dos pais para facilitar a identificação. Aqui na Dornas Homestead nossa linha macho é composta apenas por trigo dourado, enquanto a linha fêmea é composta por trigo e selvagem prata.


Infelizmente aqui no Brasil não é dada muita atenção à este Loci, daí um dos motivos de termos muitos animais adultos fora do padrão.


Estes genes são chamados de padrão principal, pois, como vimos irão interferir na expressão dos demais genes.


Espero que este post ajude um pouco na compreensão das cores das galinhas, condensei ao máximo uma grande quantidade de informação. No post seguinte irei falar dos padrões secundários.

Obrigado pela leitura e até uma próxima.


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