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Genética de cores em Galinhas 2

No post anterior vimos o padrão primário das cores em galinhas, que foram os genes do Loci E, cinco genes que irão produzir o pano de fundo. Vimos também o principal gene de produção de pheomelanina, o s+. A característica do padrão primário é justamente o efeito na coloração do animal como um todo. Neste post vamos ver os genes que compões o padrão secundário, aqui o efeito será em cada pena individualmente. Como esses genes tem uma interferência um no outro a princípio torna-se mais difícil, mas conforme vamos fazendo conexão com nossos animais acaba ficando mais fácil.

Caso ainda não tenha lido o post 01, recomendo que leia, pois iremos fazer algumas menções à ele.

Os quatro genes que compões o padrão secundário são:


Co – Columbia;

Db – Dark Brown (Marrom escuro);

Ml – Melanizador e

Pg – Gene do padrão.


Embora não exista uma ordem de importância entre eles, o Pg é o que deve estar presente para que seja possível ter qualquer padrão secundário presente.

Vamos conhecer cada gene e seu efeito.


Co – O columbia é o mais conhecido e mais fácil de se observar no animal, aqui no brasil é conhecido muito por light devido a coloração da raça Brahma. O Co impede a produção de eumelanina no corpo do animal, restringindo apenas ao pescoço, cauda e algumas penas das asas. Se o animal for dourado, então seu corpo será marrom/castanho, se for prata será branco. Outras raças também possuem neste gene, como o Sussex, Chabo e menos perceptível o sebrigth. É bem encontrada também nos Índios Gigantes.

Db – O Marrom Escuro, que tem esse nome devido ao efeito escurecedor nos pintinhos de um dia. É um gene muito parecido com o columbia, entretanto sua capacidade de inibir a produção de eumelanina no corpo do animal é limitada. Muitos chegam a confundir os dois genes. Além do efeito do Db no preto, ele ainda clareia do marrom, dando um tom de mais alaranjado. Muitas raças tem esse gene, no Brasil eu desconheço o nome de algum padrão (muitos confundem com o perdiz), na língua inglesa se chama ginger, como na foto ao lado de uma Old English Game.

Estes dois genes (Co e Db) são conhecidos como extensores de pheomelanina.


Ml – O Melanizador, como o nome á diz, espalha a eumelanina no corpo do animal, tornando-o mais escuros, é um gene muito espalhado pelo mundo e essencial para ter um animal todo preto. Sozinho não é suficiente para fazer um EE ou ER todo preto – embora alguns dizem que é possível nas fêmeas. É um gene muito importante quando associado ao Pg e está presente em diversas raças com padrão nas penas. Aqui no Brasil não encontrei distinção entre o laceado e laceado duplo (chama-se tudo de laceado).


Pg – O Gene do Padrão, tem esse nome justamente porque é ele quem vai permitir que os genes acima criem padrões nas penas (e não apenas escurecendo ou clareado um animal), ele redistribui a melanina pela pena formando virtualmente inúmeros padrões. Sozinho (quando consideramos o rol dos quatro genes citados) ele cria o padrão que em inglês se chama concentric pencilling que seria algo como delineado concêntrico. É o padrão das Brahmas Darks e a cor Perdiz, cada pena tem uma linha preta e duas linhas seguindo a borda da pena. Como na imagem abaixo

Faço uma grande advertência aqui para os nomes das cores – além de não haver consenso no português – os genes do padrão primário interferem absurdamente. Por exemplo, se cruzarmos uma Brahma Dark, com uma Brahma perdiz (e desconsiderarmos dominância) nascerão exatamente 50% de cada cor, pois a única diferença entre elas é o E-loci, a Dark é Eb ou Er e nos Perdiz é e+.


Pg+Ml – Quando esses dois genes estão presentes o padrão muda para um laceado duplo que é a cor das wyandotte. Esse padrão é muito parecido com o delineado do Pg sozinho, mas quando comparamos as duas penas o laceado duplo (Pg+Ml) tem a borda e a base pretas, enquanto o Pg tem a borda e a base brancas. Olhando o animal por inteiro, o laceado duplo é mais fácil a visualização do laceado, a percepção é que o desenho foi feito de forma mais marcada. Compare com a imagem da pena acima com a do laceado duplo abaixo.



Pg+Db – Quando esses dois genes estão juntos o padrão que aparece é um barrado, tipo um carijó, embora geneticamente não haja semelhança. O nome

SLXLM

​​

desse padrão é barrado autossômico – para diferenciar do barrado/carijó/pedrês tradicional, que é ligado ao sexo. É um padrão um pouco raro no Brasil, eu mesmo vi poucos exemplares com esse padrão. Nos machos temos uma grande diferença, as penas do pescoço e dorso são muito mais claras do barrado autossômico, chegando a parecer brancas (ou vermelhas), contrário do carijó tradicional, que são mais parecidas com o resto do corpo.

Pg+Co – Desconheço uma cor que seria a interação desses dois genes. :p

Acredito que o Co seja epistático ao Pg pois inibe a produção de eumelanina nas penas do corpo.


null

Pg+Db+Ml – Quando se une esses três genes, temos um padrão bem diferente e muito bonito, chamado de pintado ou estilizado (Spangled, em inglês), é a cor padrão do Appenzeler ou da Hamburguesa. A quantidade de pintas e o tamanho dela, pode variar de animal para animal.

Pg+Db+Ml+Co – Quando adicionamos o gene Co, a mistura dos quatro genes, temos o laceado simples. Lembre-se que o Co é um inibidor de eumelanina (ou extensor de pheomelanina) assim, se reduz a quantidade de preto nas penas, deixando a ave com um laceado mais sutil. Algumas Wyandotte e Polonesas tem esse padrão de cor e é o único padrão aceito nas Sebraight.




Vale citar que esses padrões tem, de modo geral, uma melhor expressão nas fêmeas, isso porquê os machos naturalmente possuem mais eumelanina que as fêmeas, “apagando” o padrão na maioria das penas. Exceção se faz ao gene trigo Ewh que reduz a quantidade de penas pretas no peito do animal, melhorando a visualização do padrão e claro, nas raças com empenamento feminino, que é o caso da Sebright, onde machos e fêmeas têm o mesmo padrão.

Para sintetizar, cito abaixo os nomes dos padrões para melhor comunicação, peço prudência, já que o E-loci vai interferir:


Pg – laceado múltiplo (ou contorno concêntrico);

Pg+Db – Barrado autossomal;

Pg+Ml – Laceado duplo;

Pg+Db+Ml – Spangle (ou pintado)

Pg+Db+Ml+Co – Laceado simples.


Essas interações, que a princípio se mostram confusas e aos poucos vão ficando mais fáceis de entender, formam um universo de cores e padrões únicos em cada ave. Cada padrão desses irá produzir um tipo diferente de cor de acordo com a raça e os demais genes envolvidos.

Recomendo uma anotação detalhada dos padrões de suas aves para um melhor entendimento.


Agradeço novamente a atenção e o apoio. Meu muito obrigado e até o próximo post.

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