Uso de plantas medicinais na avicultura

Plantas medicinais na avicultura

Já a muito venho reforçando a natureza verdadeiramente onívora das galinhas. Estas, em estado selvagem, se alimentam de insetos, folhas, frutos e sementes a depender da época do ano e da disponibilidade dos alimentos.

A modernização da avicultura no século XX trouxe consigo a necessidade de estocar alimentos para uso regular ao longo do ano, assim em virtude da facilidade de armazenamento e da homogeneidade dos nutrientes, os grão foram eleitos como os únicos ingredientes na alimentação das aves modernas. E quanto mais se avançava na genética e produtividade das aves, mais as rações deveriam acompanhar esse avanço e fornecer os nutrientes necessários ao ganho de peso das aves.

Assim, além dos grãos, ricos em macro nutrientes – proteínas, lipídeos e carboidratos – foram incluídos micronutrientes sintéticos, para ajustar a deficiência dos grãos em minerais, vitaminas e alguns aminoácidos. Nascia a ração balanceada, pilar principal da eficiência da produção avícola, porém cara e de difícil produção.

A avicultura saiu de uma produção de subsistência para a atividade pecuária mais organizada no mundo inteiro, tendo o Brasil como atual precursor da atividade.

Esse avanço, entretanto, não agradou Gregos e Troianos.

Uma parcela da sociedade questiona a qualidade dessa proteína, seja a carne dos frangos, sejam os ovos das galinhas de postura e cada vez mais se ganha notoriedade o que aqui no Brasil chamamos de aves caipiras (coloniais no sul e de capoeira no nordeste do país).

Mas como produzir uma ave rústica com lucratividade? E como produzir uma ave tardia com escala?

Usar aves rústicas no modelo tradicional de criação não é financeiramente viável, embora dê para “ganhar” dinheiro, não é possível modelar, ou seja, não dá para ter um padrão de produção que possa ser replicável ao ponto de se controlar o quanto quero ter de lucro. Não é porque um ou outro tem sucesso com a produção totalmente “na larga” que todos terão. Parcimônia é imperativo.

Produzir um frango caipira, usando somente ração balanceada e medicamentos sintéticos está cada vez mais se mostrando inviável. É preciso mudar. Mas para qual direção?

Fazer uso de aves mais rústicas e resistentes tem se mostrado uma opção rentável na Chácara Dornas Homestead. Aqui temos aves com 240 ovos ano (média de todas as aves em produção). Essa produção é muito superior aos 300 ovos por ciclo de 80 semanas de produção da GLK, por exemplo, que daria 195 ovos ano.

Além das aves mais rústicas, ter conhecimento de nutrição ajuda bastante. Com gastos equivalentes a 60-65% dos custos, a alimentação pode se tornar um vilão num piscar de olhos. Ter conhecimento é uma das saídas para reduzir esses valores do nosso fluxo de caixa.

Mas conhecimento em nutrição não é apenas saber misturar soja com milho e núcleo. É saber o que são nutrientes, quais suas fontes e como obter o melhor balanceamento para minhas aves.

A Chácara Dornas está com um curso em nutrição – Segredo da Nutrição das Aves – saindo do forno julho/2021, para se matricular basta clicar aqui.

E uma das alternativas que temos é a inclusão de plantas medicinais na alimentação das aves, elas podem ser antibióticos, como a terramicina, do gênero Alternanthera, podem ser cicatrizante ou anti-inflamatória, como o confrei, do gênero Symphytum, ou ainda ser antiparasitária como o neem, do gênero Azadirachta.

Essas plantas podem ser usadas em situações mais específicas como a terramicina que deve ser usada em aves com sintomas de infecção bacteriana, ou o neem que pode ser usado em épocas de maior desafio contra parasitas, ou com mais frequência, quase que diária.

O uso do confrei, entretanto é diferente, pois além das inúmeras qualidades medicinais, muitas já testadas, ele tem de 16 a 20% de proteína bruta e pode ser dado como alimento das as aves de qualquer idade, substituindo com vantagens o farelo de trigo, por exemplo.

Essas ervas ditas como medicinais são excelentes alimentos e auxiliam no custo final da ração. Pois além das vantagens terapêuticas são geralmente ricas em minerais e vitaminas, além do tão necessário beta caroteno para deixar as gêmeas amarelinhas.

Mas vocês podem estar se perguntando: Mas e o excesso de fibra? Já que estamos dando folhas para as aves.

Pois bem, essa questão de fibra é uma visão errada na nutrição de aves. Conforme as necessidades nutricionais cresciam, em função do ganho de produtividade a cada geração, ficava mais complicado colocar a quantidade de proteína e energia na ração, assim, tudo o que não for nutriente para as aves – e a fibra não é – teve que ser retirado.

De fato, balancear uma ração com 22% de proteína bruta de excelente qualidade e 3.200Kcal de energia é um desafio para qualquer nutricionais animal, fazer com que a ração fique barata é ainda um desafio muito maior. Portanto, a máxima de sem fibra foi mantida e divulgada, mas, tristemente, mal interpretada por quem não entende as diferenças intrínsecas da nutrição animal associada as diferenças extrínsecas das aves industriais –de granja – das aves caipiras.

Resultado? Mais um mito infundado.

Por falta de pesquisas específicas em aves caipiras, não sabemos ao certo o percentual limite das fibras na alimentação das aves caipiras, mas é alto, eu vos asseguro. E quando eu digo alto, me refiro a 8 a 10% da alimentação total. O farelo de trigo possui 9,5% em média.

Assim, o uso do confrei, da folha de bananeira, do capim elefante pode ser incluído, claro, se sei o que estou fazendo.

Apenas com o intuito de deixar nosso leitor mais tranquilo. O uso de fibras na alimentação de frangas de postura industrial (ovos brancos) na proporção de 3% da dieta, melhorou o desenvolvimento do trato digestivo – intestino, moela e pro ventrículo – que posteriormente melhorou a qualidade dos ovos, pois o maior desenvolvimento do sistema digestivo proporcionou uma melhor absorção dos nutrientes.

Portanto, não se assuste com a recomendação de inclusão de fibra vegetal in natura na alimentação de suas aves, com certeza, será melhor para elas e para seu bolso.

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Obrigado pela leitura e até breve.