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Genética Básica II

Olá a todos. Hoje daremos continuidade ao post Genética Básica, caso não tenha lido o Post I, clique aqui para ler. Recomendo muito que o leia antes, é curto e bem rapidinho.


Muitas são as dúvidas sobre a determinação do sexo, se é influência do macho ou da fêmea, se a temperatura interfere, época do ano, etc. Aqui falaremos como isso de fato ocorre.


Nas aves e nos mamíferos o que determina o sexo são os cromossomos sexuais. Cromossomo é um aglomerado de genes, os DNAs (ácido desoxirribonucleico) e cada espécie tem um número específico de cromossomos, as galinhas possuem 78, nós humanos 46, os porcos 40, os preás 16...


Nas galinhas, apenas oito cromossomos, os macrossomos, são de tamanho significativo, os demais são minúsculos.


A reprodução nessas espécies (reprodução sexuada) requer que exista um macho e uma fêmea e que os dois forneçam informações suas informações genéticas às suas crias, assim um galo com 78 cromossomos e uma galinha com 78 cromossomos ao produzir o espermatozoide e o óvulo precisam dividir esses cromossomos a metade, senão o pintinho nasceria com 78+78=156 cromossomos. Logo, na gametogênese (produção de gametas, ou seja, o espermatozoide e o óvulo) ocorre uma divisão das células reprodutivas, chamadas de meiose, onde uma célula com 78 cromossomos se divide ao meio (meiose) em duas células com 39 cromossomos, daí um espermatozoide com 39 cromossomos ao se unir ao óvulo com também 39 cromossomos produz um embrião com 78 cromossomos. Às células adultas chamamos de 2n, células reprodutivas de n. Nas plantas é possível células com 3n ou mais, mas foge ao nosso escopo.



Os cromossomos andam sempre em par (um da mãe outro do pai, sempre!), e são divididos em autossômicos e alossomos (sexuais), os autossômicos são aqueles que não interferem na determinação do sexo e os sexuais, claro, são os que determinam o sexo da cria. Nas aves o sexo heterogamético (hetero=diferente gamético=relativo ao gameta, célula reprodutiva) é a fêmea e nos mamíferos é o macho. Ou seja, nas aves quem determina o sexo da cria é o gameta das fêmeas (óvulo), nos mamíferos é o gameta dos machos (espermatozoides).


Logo, independente da temperatura, da época do ano, da alimentação ou de qualquer outra coisa, é o gameta quem irá determinar o sexo. Essa informação genética independe da forma da casca do ovo ou da barriga da fêmea, então só saberemos o sexo da cria somente após o nascimento (ou antes desde que com exames, mais viáveis em mamíferos).


Todos os cromossomos autossômicos são do mesmo tamanho e possuem a mesma quantidade de genes do seu par. A quantidade de genes vai variar em função dos pares, o par 01 tem mais genes que o par 02, que por sua vez tem mais genes que o par 03 e assim por diante. Mas o cromossomo 01 herdado da fêmea tem exatos o mesmo número de genes que o cromossomo 01 herdado do pai. Essa “coincidência” é tão incrível que o local do cromossomo que define um tipo de gene no cromossomo da fêmea tem seu equivalente no cromossomo do macho, é como se eles ficassem um de frente para o outro e os genes andassem de mãos dadas. Imagine dois prédios idênticos com um apartamento por andar bem próximo um do outro, falaríamos um par de prédio, é como se fossem os cromossomos. No andar 5° por exemplo fica o gene da cor de pelo e será sempre este gene nesta espécie, em TODOS os indivíduos.


Esses pares de gene são chamados de alelo, assim a fêmea tem um gene que irá produzir pelo preto nos preás, o gene A e o macho também tem esse gene A, então chamamos de alelo. Logo ao se referirmos aos genes falamos seu alelo, por exemplo: um preá preto homozigoto AA (um A da mãe preta, outro A do pai preto) temos dois alelos iguais, um preá preto heterozigoto Aa (um A da mãe preta, outro a do pai branco), temos dois alelos diferentes, mas que estão no mesmo local um em cada cromossomo, no mesmo andar do prédio. Revisando: chamamos de alelo os genes equivalentes.


Os cromossomos sexuais, não são referidos por números, mas sim por letras. Nos mamíferos os machos são XY enquanto as fêmeas são XX, nas aves muda, as fêmeas são ZW e os machos são ZZ, além da diferença de nomenclatura eles tem tamanhos diferente ao seu par. O Y ou o W são muito menores e, portanto, não tem seu equivalente alelo no par. Nas galinhas o gene Dwarf (ou anão) é um gene sexual recessivo, como já vimos no post I os recessivos só se manifestam se os dois alelos forem o mesmo gene, daí para um macho ser anão, ele precisa que os dois cromossomos Z tenham este gene, entretanto, nas fêmeas, por não haver o alelo no cromossomo W, basta uma cópia do gene no único cromossomo Z que tem para que seja anã.


Na prática, faz uma diferença enorme e nos favorece muito nos cruzamentos, se considerarmos um gene autossômico, crista simples por exemplo, para um pintinho nascer com a crista simples é obrigatório que o galo e a galinha tenham este gene (ter a característica ou ser portador - heterozigoto). Para as características ligadas ao sexo é diferente, pois basta que o galo tenha o gene para suas filhas expressarem suas características.


Neste esquema, um galo anão (ZdZd) cruzado com uma galinha normal (ZW) terá 100% dos machos normais portadores do anão (ZdZ) e 100% das fêmeas anãs (ZdW). Essa facilidade de visualização permite muitos cruzamentos onde conseguimos identificar na ocasião do nascimento se são fêmeas ou machos. Esses cruzamentos são muito utilizados na produção comercial de aves de postura, onde as fêmeas possuem o empenamento precoce e os machos o empenamento tardio, nos periquitos australianos, o gene canela ou ino também identificamos as fêmeas por terem olhos vermelhos ou vinhos. E mesmo que não consigamos saber o sexo no momento do nascimento, podemos afirmar que o macho é portador de determinado fator se for filho de uma fêmea com a característica.


Compreender a fundo como é o mecanismo da definição do sexo na cria traz muitas vantagens ao criador, primeiro porque ganha-se tempo e talvez dinheiro ao não se envolver com técnicas míticas de definição do sexo, também porque é possível planejar melhor os cruzamentos, seja para acelerar a fixação de alguma característica, seja para separar os machos das fêmeas logo ao nascer, principalmente no caso das aves e mais ainda no caso de algumas aves que são necessário exames laboratoriais para definir o sexo.


Desejamos que tenha muito sucesso em seus cruzamentos, continue lendo nossos posts e não esqueça de se cadastrar, para receber as novidades tão logo sejam publicadas.


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