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Produção de ovos e a seleção de galinhas de postura

Para aqueles que querem produzir ovos caipiras uma coisa parece mais do que lógico: preciso de galinhas. De fato há verdade na frase, mas está incompleta. Nem toda galinha bota. Temos algumas situações em que a galinha não bota: choco, muda, idade, dentre outros fatores. Daí ter galinhas não é garantia de ter ovos. Mas já sabemos disso.


No momento do planejamento, onde tudo é mil maravilhas, os mais desavisados fazem os cálculos com os dados das empresas que vendem aves de postura. Inicio de produção às 18 semanas, pico de 95%, ciclo de postura de 80 semanas. FANTÁSTICO.



Mas depois que a pintinha é comprada, ou chocada, parece que algo diferente acontece. Os cálculos – verdadeiros e reais – dos incubatórios e das empresas de assistência técnica não batem com nossa realidade. Não contamos com verminoses e coccidioses que além de retardar o início da postura por afetar a absorção de nutrientes prejudicam o tal do pico de produção e a capacidade máxima da fêmea de botar cai absurdamente. Nem sempre temos condições de fornecer os melhores alimentos e muitas vezes por falta de um conhecimento mais técnico compramos gato por lebre, seja os baldinhos milagrosos – que sempre me fazem lembrar as garrafadas cura tudo – seja por rações de empresas nem tão idôneas e seus ingredientes de menor custo.


Dúvidas na época certa de mudança de categoria de ração também irão impactar em menos ovos. Época do ano e controle de luz é outro fator às vezes negligenciado. Quem já fez o curso da Chácara Dornas Homestead já sabe como evitar o dissabor da não entrada na postura sem uso de luz artificial. E quem está a mais de 20° do equador precisa considerar o uso de luz no inverno. A latitude influencia na duração do dia e, portanto no início da postura e em sua manutenção. Em nosso curso explico em detalhes os motivos e como ter ovos o ano todo, mesmo sem luz artificial.


Para uma boa produção de ovos vamos precisar de:

1 – genética. Aves híbridas ou uma boa seleção;

2 – sanidade. Cuidado com doenças e infestações parasitárias;

3 – alimentação. Bom fornecedor, bons ingredientes e um bom núcleo;

4 – luz. A quantidade de luz diária é importante, pelo menos 12 horas de luz.


Esses quatro pontos acima são básicos. Não se produz ovos de forma minimamente comercial sem se atentar para esses pontos, mas isso é o básico, tem muito mais.


As galinhas, assim como nós, são diferentes uma das outras, elas respondem de forma particular ao ambiente (luz, frio/calor, alimento, doenças, etc) e cada uma tem uma reação diferente.


Em um lote bem homogêneo, sem eventuais estresses as galinhas vão entrar em postura mais ou menos na mesma hora, vão aumentar a produção de forma muito semelhante e vão chegar ao pico mais ou menos no mesmo tempo. Se considerarmos que as necessidades básicas citadas acima foram atendidas esse será o padrão. E vou considerar que foram atendidas.


A partir do pico de produção a queda de postura é inevitável e nesse momento as semelhanças começam a minguar e começam as diferenças e particularidades de cada ave.


Se forem aves híbridas de um bom incubatório. Ótimo, o padrão será mais parecido. Se forem aves de raça pura ou de incubatórios mais negligentes com seleção o padrão será mais disperso. Se forem caipiras ou cruzamentos ao acaso feito pelo próprio criador. Não haverá padrão. A genética será o alicerce principal da manutenção de uma boa postura.


Luz e alimentação serão as vigas que prolongarão a postura dentro de um intervalo aceitável.


Doenças serão nossos coringas. Tudo pode acontecer.


Após esse pico de produção, ou após cerca de 3 meses após o início da postura a galinha começa a declinar. Se for caipira sem seleção o choco aparecerá logo após a primeira dúzia de ovos e não haverá pico, se for um plantel com alguma seleção ou cruzamento com raças ou linhagens híbridas esse choco será mais disperso. De qualquer forma, TODAS as galinhas começarão a regredir a produção. Umas por entrarem em choco, outras por entrarem na muda, outras por não terem o mínimo de nutrientes necessários, outras não têm a “genética” boa e produzirão poucos ovos, e assim por diante.



O que manda no lote é a produção média. Todas comerão, todas ocuparão espaço, beberão, gastaremos com medicamentos e talvez vacinas. Mas só algumas irão pôr. Por isso um lote com 100 galinhas, por exemplo, produz somente 60 a 70 ovos por dia. Tem gente falhando. Tem gente pulando um dia ou dois, ou três. Essas preguiçosas puxam a média para baixo.


Se em 100 galinhas temos 70 ovos, logo temos uma taxa de postura de 70%, ora se pudermos identificar quem não botou e retirar do lote, teremos então 70 galinhas e 70 ovos, ou seja, uma taxa de postura de 100%. Os mesmos 70 ovos serão vendidos, mas 30 galinhas a menos comendo e gastando. Eis o pulo do gato.


Que uma ou outra galinha falhe uns dias é normal, mas mudas, choco e genética ruim fazem com que a galinha falhe dias ou semanas e no caso da muda, meses. Demissão por justa causa.


Aqui muitos dizem: “não podemos culpar a galinha se o erro foi nosso”. Tenho duas respostas para isso:


1 – de fato não podemos transferir a culpa para a galinha, mas se 70 botaram a culpa é das 30 que não botaram;


2 – a conta não fecha e o prejuízo é certo, independente do culpado. Precisamos resolver.


Como resolver? Descartando.


A palavra de ordem em qualquer criação é descarte. A seleção não é somente quando iremos reproduzir o animal, é em todo o ciclo. Precisamos ter metas, notas de corte e .... cortar.


Se minha linhagem tem condições para entrar em postura entre 18 a 20 semanas, ora, colocamos uma margem de segurança e, por exemplo, a 22° semana, quem não botou, fora. Descartada. Se será abatida, vendida ou transferida para o lote de galinhas de estimação é decisão do dono, mas não poderá ficar no lote de produção. Se 60% ou mais das aves não chegaram, o problema é do criador, se for até uns 30% a “culpa” é da ave. Sun Tzu já dizia isso.


Outro ponto de seleção é com as pausas de postura durante o ciclo de postura. É normal as aves botarem certo número de ovos e fazerem uma pausa, depois recomeçam nova postura. As galinhas caipiras sem seleção botam cerca de 8 a 14 ovos e param, normalmente porque entraram em choco, se não chocarem elas voltam a botar depois de uns dias e depende muito da galinha, mas cerca de 15 a 20 dias é normal. Aves mais melhoradas irão botar um número maior de ovos, uns 20 e farão uma pausa menor, uns 7 a 10 dias e demoram a entrar em choco, entrando nos meses mais escuros do inverno. No Brasil entre fevereiro a maio. Aves híbridas raramente entram em choco e botam cerca de 30 ovos por ciclo, parando dois a três dias entre os ciclos.


Essas aves conseguem por na média 27 ovos por mês, chegando aos incríveis 330 ovos em um ano.


A seleção se dará justamente para identificar essas preguiçosas que botam poucos ovos por ciclo e fazem grandes pausas entre os ciclos. E para identificar essas preguiçosas temos umas técnicas.


A primeira é verificar as cristas e barbelas, aves que botam pouco tem as cristas menores e mais pálidas que as irmãs mais profissionais.


Geralmente, ave muito boa tem as penas fracas e ficam mais “peladas”, aves ruins de postura têm tempo de se arrumar e as penas geralmente são mais brilhosas e cobrem todo o corpo. Depende da idade, não é uma regra como a crista, mas vale a observação.


Uma vez suspeitando da indolente trapaceira devemos pegá-la e observar a cloaca e os ossos pélvicos.


A cloaca das galinhas em postura é mais oval lateralmente e aparenta certa umidade, as galinhas que não estão botando tem a cloaca mais arredondada e com aspecto de seca.


Os ossos próximos da cloaca devem ter três dedos de distância entre eles, apenas dois dedos ou menos indica uma galinha fora de postura.





A imagem acima do livro da Gail Damerow – Guide to raise farm animals nos dá uma ideia. À esquerda uma galinha fora de produção - poor layer, a direita uma em produção.


Essa forma de seleção pode ser feita para aves de qualquer idade, entretanto, além das frangas em início de postura essa seleção deve ser feita de forma mais intensa após a 26° semana (6 meses) de postura. Assim você terá sempre aves com boa produção, livres de problemas – a causa da ausência de postura pode ser doenças – e que trarão lucros ao criador.


Então é isso, vá já ao galinheiro identificar aquelas comedoras de lucro e ... bom apetite, almoce com elas.


Ter lucro depende muito da disciplina de quem cria em se capacitar e estar sempre a busca de conhecimentos.


Nós estamos sempre estudando para oferecer o melhor conteúdo para que você tenha sucesso em sua criação. Conte conosco.


Se gostou do artigo fique ligado em nosso canal tem um vídeo sendo preparado para lhe ensinar como selecionar aves fora da postura.

Recomendo fortemente que adquira nosso e-book "Plano de Negócios para Avicultura" e aprenda a fazer um excelente plano de negócios.

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