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Identificação precoce em pintinhos

Não acredito que haja um só criador(a) de animais que não deseje saber o sexo do novo integrante do plantel, seja por pura curiosidade, seja por necessidade de seleção e descarte ou ainda para a venda ou compra de animais. Nos mamíferos é um pouco mais fácil, porém nas aves já é bem mais complicado, nas galinhas é muitíssimo complicado, tanto é que até os noventa dias ou mais muitos criadores não conseguem afirmar com exatidão o sexo de seus animais e em função da quantidade de mensagens que recebemos via nossa página no facebook - resolvemos criar este post na tentativa de ajudar.


As galinhas possuem dimorfismo sexual secundário – ou seja, não possuem órgãos genitais visíveis (como nos cães) mas possuem diferenças entre galo e galinha quando adulto. Entretanto, nossa intenção aqui é identificar o quanto antes o sexo do filhote e não esperar o animal ficar adulto. Para isso temos basicamente três formas diferentes:


Visualização pela cloaca;

Observação do surgimento do dimorfismo sexual;

Cruzamentos específicos.


Muita atenção para não tomarmos uma única característica como verdadeira e universal, a melhor maneira de se ter certeza é analisando as diversas características e comparando os animais, principalmente considerando características diferentes nos sexos. Recomenda-se cautela.


A visualização pela coacla é um método muito preciso quando feito no dia do nascimento, com taxas bem superiores à 90%, entretanto é muito difícil de se aprender e na avicultura industrial é um método que tem se tornado caro e em função dos cruzamentos específicos está cada vez mais desnecessário. Não falaremos dele aqui.


A observação do surgimento do dimorfismo sexual é a mais usada e em função da ausência de cruzamentos específicos nos cruzamentos caseiros será a mais importante. Galos e galinhas tem algumas diferenças bem clássicas, e embora não seja regra, podemos assumir como verdade. São elas:


- Crista e barbela;

- Pernas;

- Penas;

- Esporas;

- Canto.


Tanto o canto, quanto às esporas, só aparece quando o animal, no caso o galo, já se encontra na fase adulta e, portanto, tornam-se desnecessárias para a identificação precoce.


As cristas e as barbelas têm tamanho diferente entre as raças e inclusive dentro da mesma raça em função de cruzamentos sem seleção apurada. Entre os 30 e 60 dias as cristas já estão com tamanhos bem diferentes entre os sexos, sendo as cristas do macho bem maiores e mais vermelhas que das fêmeas. Esse método é um dos mais usados nas criações caseiras e com algum índice de acerto, entretanto só serve caso as aves comparadas sejam de lotes homogêneos e com o mesmo padrão genético. Por exemplo, uma franguinha crista serra terá a crista bem mais desenvolvida que um macho crista ervilha duplo fator, ou ainda uma franguinha crista rosa (as vezes confundida com ervilha nas primeiras semanas) terá barbelas maiores que franguinhos com crista ervilha ou bola, as variações e possibilidades são inúmeras. Portanto, se sua criação não for da mesma raça e com um bom grau de seleção talvez tenha algumas surpresas.


As pernas (canelas) tem o mesmo padrão de desenvolvimento das cristas. Os machos possuem pernas mais grossas e maiores que as galinhas, entretanto, raças americanas para corte possuem pernas mais grossas que as raças europeias, assim como as raças asiáticas possuem pernas mais compridas que as demais. Essa variabilidade pode dificultar ou confundir o inexperiente. Fica o mesmo conselho das cristas, mesma raça e bom grau de seleção vale, senão, não tenha esta característica como regra universal. Para selecionar, observe dois animais e compare a espessura das canelas próximas aos pés, os machos terão uma pata mais grosseira e forte que as fêmeas, que por sua vez terá uma pata bem delicada.


Essas duas formas de observação são boas e muito usadas aqui na Dornas Homestead e com nossa seleção de alta pressão, nossa experiência e a comparação entre diversos animais podemos ter uma boa margem de acerto desde as primeiras semanas. Porém, caso se tenha apenas um animal, ou mais, mas do mesmo sexo a comparação perde o sentido, pois comparando fêmea com fêmea e macho com macho, todos são iguais. Daí a vantagem da próxima característica, pois não iremos fazer comparações, apenas observações.


A observação das penas, portanto, é a melhor forma de identificar precocemente o sexo considerando o dimorfismo sexual. A principal diferença entre os sexos está na plumagem brilhosa e exuberante dos machos. Embora haja dimorfismo também para os genes das cores, o que nos interessa aqui é o brilho e formato das penas do pescoço, das costas, da cauda e da bola da asa do galo. Nestes locais as penas são mais finas e compridas que nas fêmeas, além de terem um brilho peculiar. Essa característica também vai variar conforme a idade e a genética do plantel, mas contrariamente as duas anteriores não é possível confundir macho com fêmea, pois a fêmea não terá, jamais, as penas do macho. Faço aqui uma ressalva ao gene empenamento feminino que impede a produção das penas masculinas nos machos. A raça Sebright é um exemplo disso.


Tão logo o franguinho já comece a fazer a segunda troca de penas, as vezes aos 45 dias de idade as penas já surgem com um brilho diferenciado, primeiramente nas costas. Essa característica, mesmo sendo mais difícil de observar em animais todo branco e todo preto, é a principal característica para a identificação sexual precoce dos machos, embora não possamos assumir que uma fêmea seja uma fêmea ou um macho mais tardio. Quando identificamos as penas podemos assumir com total certeza que se trata de um macho.


Na imagem acima podemos notar a muda de pena para as penas sexuais masculinas, esse franguinho (variedade de corte comercial) está com 55 dias.


Abaixo temos um casal com 60 dias, podemos ver claramente as penas com maior brilho da asa do macho (a direita) e a ausência dessas penas na sua irmã.


Assim, as três características acima, quando usadas de forma responsável e pensada são suficientes para identificar o sexo bem precoce de nossos animais.


Muitos podem estar se perguntando como fazer a separação mais cedo, de preferência no dia que nascem. Existem algumas “raças” que usam o gene barrado para essa identificação, são as raças auto-sexaveis. Essas “raças” (uso as aspas pois não são raças reconhecidas por associações ou governos ao redor do mundo, com excessão ao Legbar que consta na lista de raças da universidade de Oklahoma, EUA), possui o sulfixo BAR ao final do nome, por exemplo, uma Leghorn selecionada para ser autosexavel será chamada de legbar, uma Rhode Island Red, rhodebar e assim por diante. O que é feito são cruzamentos em série para que o macho seja mais claro que a fêmea ao nascimento, isso ocorre devido ao gene barrado reduzir a produção de melanina no animal, tornando-o mais claro, logo, o macho, por possuir dois genes sexuais - leia mais aqui – acaba ficando mais claro que a fêmea.



Outra forma de identificação ao primeiro dia é em função de alguns genes, como o gene barrado que nos machos a mancha da nuca é difusa e mais escura e nas fêmeas é mais centrada e mais clara, ou o gene E ou Er onde o pigmento nos dedos da fêmea é bem marcado (preto e rosa separados) e nos machos é disperso (preto e rosa misturados). São características muito específicas que iremos tratar em outros posts mais específicos.

Na figura ao lado, acima temos um macho e abaixo uma fêmea.




A melhor, e talvez a mais eficiente, forma de separar os sexos no dia do nascimento é fazer cruzamento para este fim. Basicamente temos três possibilidades, com diferentes graus de dificuldade. A ideia central destes cruzamentos é cruzar um macho com gene recessivo com fêmeas com gene dominante, esse cruzamento bem discutido no post genética básica II, já citado, é relativamente simples, bastando para isso termos dois planteis ou um bom controle de seleção. Vejamos:


O gene mais largamente utilizado para isso é o gene do empenamento, em função deste gene não interferir em nada no animal adulto é o eleito pelos incubatórios. O gene do empenamento precoce é recessivo, enquanto o gene do empenamento tardio é dominante. Assim, machos com empenamento precoce são cruzados com fêmeas com empenamento tardio, assim, nos pintinhos, as fêmeas nascerão com empenamento precoce (penas primárias maiores e secundárias menores) e os machos empenamento tardio (penas primárias e secundárias do mesmo tamanho, ou secundárias maiores). Para aqueles que desejam fazer este cruzamento deve se ter muita atenção na seleção e marcação das matrizes, pois embora se tenha alguns relatos de que seja possível identificar esses genes aos 10 ou 15 dias a partir daí é muito complicado e no animal adulto impossível. Portanto o uso de marcações permanentes é imprescindível.

Fonte: http://dominant-cz.cz/produkt/dominant-sussex-d-304-2/?lang=en


Outro gene, esse mais fácil que o empenamento é o gene ouro e prata. O Gallus gallus possui um gene sexual que produz a pheomelanina, chamada de ouro, que é recessivo ao gene prata. Animais ouro, ou dourados, se diferem dos pratas, os machos dourados têm as penas sexuais (pescoço, dorso, cauda e bola da asa) douradas, enquanto os pratas são brancos, as fêmeas do mesmo jeito, as penas do corpo são vermelhas (castanhas, etc) enquanto as pratas são brancas. Quando cruzamos machos dourados com fêmeas prateadas os pintinhos machos nascem prata e as fêmeas douradas. A visualização é um pouco mais difícil, mas é perfeitamente reconhecível ao nascer. A vantagem deste cruzamento, com relação ao anterior, do empenamento é que conseguimos escolher animais adultos sem a preocupação de ter que ser selecionado enquanto filhote, a desvantagem é que a principal característica das raças é justamente a cor e quando cruzamos as cores podemos descaracterizar algumas raças. Um outro cuidado é que tem um gene que produz a pheomelanina, esse outro autossômico que pode levar ao erro na seleção de animais adultos.


O outro gene também muito fácil de se fazer é o barrado (carijó e pedrês) embora seja possível distinguir machos e fêmeas com alguma precisão, quando fazemos o cruzamento certo teremos 100% de certeza ao fazer este cruzamento: Ao cruzar uma fêmea carijó com um galo não carijó de qualquer cor, teremos fêmeas não carijós e machos carijós. Dessas três a mais fácil é esta pois todos os machos terão a mancha na nuca, enquanto as fêmeas não. Para facilitar, escolha fêmeas bem escuras. Machos pretos também ajudam.


Existem outros genes, como o anão que não trataremos aqui.


Como vimos são muitas as possibilidades de se identificar precocemente o sexo nas galinhas, alguns erros trarão experiência e não esqueça, memória é para lembrar data de aniversário, então anote tudo. E se possível tenha uma metodologia de marcação.


Antes de encerrar, queria discutir sobre dois mitos que povoam a cresça popular que são: 1 – forma do ovo e 2 – rabinho nas fêmeas.


Forma do ovo. O que define a forma do ovo são questões genéticas intrínsecas à fêmea. A priori, a fêmea botará o ovo do mesmo formato a vida toda, sendo no início do ciclo ovos maiores, no final do ciclo ovos menores, se frangas ovos maiores, se galinhas velhas ovos maiores, leve variação na cor, inicio do ciclo ovos mais escures, final, ovos mais claros. Com exceção das falhas, como gema dupla, sem gema, sem casca, etc, não teremos outras alterações nos ovos. Um fato que suporta minha tese é que nos incubatórios de pintinhas de postura nascem machos e fêmeas e todos os machos são descartados (sacrificados ao nascer), se fosse possível selecionar o sexo pelo ovo a indústria economizaria milhões, com a venda dos "ovos machos" e reduzindo à metade os incubatórios. Então, ovo redondo é redondo e pode nascer fêmea da mesma forma que ovo cumprido pode nascer macho.


Rabinho nas fêmeas. Tão antigo quando a forma do ovo, acredita-se que os pintinhos que tem o rabinho, ou o rabinho em pé são fêmeas, outro engano. Num experimento que fiz há muitos anos (recordem que marco meus animais com anilhas nas asas) anotei o número dos animais que tinham rabinho e marquei como fêmea. Resultado: meio a meio, não tinha um padrão sequer. Pintinhos comprados em agropecuária talvez dê certo em função do empenamento precoce nas fêmeas, mas outros genes interferem inclusive um gene chamado retardador comum nos animais asiáticos.


Reforçando: Estes posts são apenas uma prévia, pois não inauguramos nosso site ainda. Teremos muitas novidades em 2018.


Bem pessoal, espero ter ajudado na árdua tarefa de selecionar nossos animais. Boa sorte na criação e conte conosco para tirar suas dúvidas, estamos à disposição.

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