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Autossuficiência em alimentação animal – 2

Fermentação de grãos


Se ainda não lei o artigo anterior, clique aqui.


Como vimos, evoluímos nosso modelo de criação de aves e suínos contando com o binômio soja-milho. Perfeito numa estratégia comercial de produção escalável com maximização de lucros e externalidades desconsideradas, funciona muito bem, mas é linear e igualmente desfavorável àqueles que buscam autossuficiência.


Gostaria aqui de propor uma alternativa radical de uso imediato, mas não posso. Essas alternativas são pouco avaliadas e estudadas e poriam a perder uma pequena produção de algum entusiasta desavisado. Em nosso curso, teremos um capitulo especial para avaliar e conhecer esses modelos. Convido a conhecer nosso trabalho em: Curso Hotmart


Estratégias de longo prazo – e início imediato – são seguras e podem ser adotadas por todos nós. Logicamente, o mais sensato é modificar apenas uma etapa do processo, afetando muito pouco todo o sistema. Afetando, porém positivamente e de forma segura.


Voltemos aos grãos. Diferente das poupas das frutas e dos carrapichos que tem a função biológica de dispersão das sementes com o uso de animais, nossos grãos (milho, soja, sorgo, trigo, etc.) não foram feitos para serem comidas por outros animais, essas plantas evoluíram para que as sementes fossem liberadas e caíssem ao solo para poder germinar na próxima primaveram. Eram leves e pequenas, podiam voar com o vento ou pular longe com o romper da vagem. Não desenvolveram estratégias evolutivas considerando os animais, assim, precisavam ser pouco interessante aos olhos dos animais, inclusive, a estratégia era não ser comida. Milho, sorgo, trigo, cevada, aveia e outras gramíneas eram tão pequenos que não chamavam atenção de nada além de pequenos pássaros (e do curioso ser humano).

Além disso, elas possuem substâncias (proteínas e enzimas) que são conhecidos como antinutrientes, como o inibidor de protease, fitatos, taninos e outros tantos. As leguminosas como a soja e feijão produzem os inibidores de protease, as gramíneas possuem fitatos, o sorgo, além do fitato é rico em tanino, algumas substâncias são desativadas com o calor, outras por não serem tão prejudiciais acabam sendo negligenciada como o caso dos fitatos, que dificultam a absorção de alguns minerais.


Nos próximos artigos falaremos da produção racional de insetos para alimentação animal (detalhes somente no curso). Os insetos possuem alto valor em proteínas e aminoácidos essenciais, o que substitui com grandes vantagens o uso de soja como fonte proteica. Assim não precisamos nos preocupar com as leguminosas e seus efeitos antinutricionais, feijão, só para nós mesmo. O foco aqui serão as gramíneas e não as leguminosas. Mesmo sendo importantes no processo completo de autossuficiência só falaremos melhor delas quando formos discutir a produção – plantio – de grãos. Fora do escopo deste artigo específico.


A grande dificuldade é substituir por outra fonte a energia dos carboidratos dos grãos de gramíneas (milho e sorgo principalmente), são fáceis de plantar, tem dupla aptidão (grãos e folhas), são rápidos (até duas safras sem irrigação) e uma terceira com leve irrigação, enfim, vale a pena ter um pouco plantado e mesmo se for comprar tem um preço bem em conta.


Mas e os fitatos? Além disso, não são pouco eficientes em proteínas e aminoácidos?


Temos a solução, uma deliciosa solução inspirada em chocolates, cervejas, pães e outras delícias fermentadas.


Sim a fermentação resolve nossos problemas. Tanto a fermentação quanto a germinação, que falarei em outro artigo, no futuro.


Quando colocamos os grãos, tanto inteiros quanto moídos, para fermentar um grupo de bactérias e leveduras quebram essas proteções e permitem uma melhor absorção dos nutrientes do grão. Além do mais o processo de umedecer o grão ativa algumas enzimas que são usadas para germinação aumentando seu valor nutricional.



A fermentação ativa as enzimas alfa amilase e maltase, em cereais maltados, que transformam o amido em glicose e frutose, de melhor aproveitamento. A glicose é usada pelos microrganismos, mantendo a frutose no grão fermentado. Isso faz com que o grão após o processo de fermentação fica mais energético – portanto mais nutritivo – e os animais irão comer uma quantidade menor para suprir as mesmas necessidades. Embora não tenhamos feitos trabalhos com rigor científico para medir o quanto se economiza, a literatura sugere algo em torno dos 20%. O último saco de milho eu pague R$ 52,00, grosso modo é como se tivesse comprado por R$ 41,60. Uma bela economia. Uma coisa é certa é visual a redução do consumo, e não é por que tem água, é redução real.


Embora não se tenha um consenso com relação ao aumento ou redução do percentual de proteína nos grãos, pois embora aumente o percentual de proteína quando analisamos em matéria seca2, é sabido que a quantidade de amido se reduz, portanto os debates continuam. De qualquer forma, algumas coisas são certas. Melhora a disponibilidade e digestibilidade das proteínas, além de aumentar alguns aminoácidos, notadamente a metionina, importante para as aves.


O calculo do percentual de proteína em um alimento é calculado multiplicando por 6,25 a quantidade de nitrogênio presente. Assim, não se sabe muito bem quais proteínas estão presentes nas rações comerciais, tão pouco sua digestibilidade. Embora seja possível saber a digestibilidade das proteínas de determinados grãos, ao nível de nosso conhecimento de produtor e criador é uma informação criptografada. Ensaios são feitos com animais altamente produtivos e com boa capacidade de absorção de nutrientes, não com nossos animais de fazenda. Assim, ter uma ferramenta – fermentação – que transforma proteínas complexas em proteínas mais simples é deveras importante.

Continuaremos sem saber quais proteínas estão presentes e qual a sua digestibilidade, mas veremos mais ovos, mais carne, mais banha, menos doenças, etc, etc, etc. Essa é nossa unidade de medida, é assim que sabemos que o alimento é nutritivo.


O fitato é o principal fator antinutricional presente nos grãos, com a fermentação o Ph abaixa, inativando o fitato, permitindo uma melhor absorção dos minerais. Uma ressalva que se faz é com relação aos taninos que interferem na absorção do ferro. Sendo o ferro um mineral abundante nas folhas verdes que nossos animais consomem não se torna uma maior preocupação, além do mais, nem os sorgos atualmente possuem altas concentrações de tanino. De qualquer forma, fermentações mais prolongadas, 3-5 dias destrói esses taninos, liberando o ferro.


A fermentação não trás vantagens somente nos aspectos nutricionais, melhorando a digestibilidade geral do grão e tornando os minerais mais biodisponíveis. Os microrganismos presentes na fermentação são probióticos e auxiliam no melhor desempenho animal, seja pela competição por espaço com bactérias patogênicas, seja por produzirem enzimas e proteínas que irão melhorar ainda mais o aproveitamento dos alimentos no trato digestivo do animal.


Você pode pensar que com tantas vantagens o processo de fermentação deve ser muito complexo e quase proibitivo, na verdade é o contrário, é super fácil e muito simples.


Na Chácara Dornas Homestead nós usamos baldes de margarina de 15 litros reciclados. Após lavados colocamos milho ou sorgo até cerca de 2/3 do balde, completamos com água limpa e sem cloro. Os baldes devem estar muito limpos, mas não precisam estar esterilizados.


A água deve cobrir totalmente os grãos para que não tenha contato com o oxigênio. Grãos que ficam em contato com o ar criam bolor. Não forneça alimento com bolor para as aves em hipótese alguma, o risco de contaminação por aspergillus é grande.


Algumas pessoas misturam diariamente os grãos, nós não fazemos isso, apenas tomamos o cuidado de não deixar baixar o nível da água.


Em três dias (clima mais quente) você verá umas bolhas na superfície. É sinal que já está fermentando e já pode ser consumido pelos animais.


Existem algumas culturas chamadas de starter para fermentados. É desnecessário, temos microrganismos suficientes para iniciar quaisquer fermentados aqui no Brasil.


Após o terceiro dia, basta derramar a água do balde já fermentado em outro balde limpo, coloque os grãos e complete com águas limpa e sem cloro, pronto, suas galinhas terão grãos fermentados a disposição.


Caso um balde seja muito, você pode ou colocar em um recipiente menor, ou retirar uma quantidade menor do grão todos os dias, bastando completar com novos grãos. Se o fermentado estiver saudável não terá nenhum problema.


Além dos grãos, você pode fermentar a própria ração, entretanto eu não tive sucesso e sempre dava errado.


Caso o fermentado tenha cheiro de álcool ou podre não forneça às galinhas, infelizmente houve contaminação e perdeu tudo. Se tiver porcos, o fermentado alcoólico pode ser dado a eles no inicio do processo. Após, além de embebedar os animais – que já é maldade – pode ter contaminações por outras bactérias. Parcimônia.


Então é isso, você pode começar agora mesmo a fermentação dos seus grãos para dar às aves, vai mudar apenas o fato que ao invés de jogar o milho no chão, você deve colocar em uma superfície mais limpa (uso prato para samambaias), os grãos (ou ração) fermentados não consumidos durante o dia devem ser descartados, pois podem conter aspergillus ou bactérias patogênicas como E. coli. Para evitar desperdício – o que é contra nossos objetivos – forneça sempre uma quantidade inferior de grãos fermentados e se for possível divida em duas ou mais vezes ao dia.


Nossa meta é reduzir em 100% o custo com alimento, se as pesquisas estiverem corretas, alcançamos a marca de 20% de economia. Está curioso para saber mais? Se junte à nossa rede e faça parte de um grupo seleto, APRENDA verdadeiramente como criar seus animais, seja para lucro, hobby ou complemento de alimento ou renda. Compartilhe nossos links e permita que mais e mais pessoas possam melhorar a forma de criar seus animais.


Boa sorte na sua nova diversão, os animais vão adorar e você vai economizar uns trocados. É um excelente começo de autossuficiência.


Semana que vem tem mais um artigo com mais sugestões, aguarde.



Conheça nosso trabalho

Insta: @chacara.dornas

Site: https://bit.ly/2m0zDhX


Curso Criação de Galinha Caipira

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2 – Matéria seca diz respeito á quantidade de nutrientes no alimento após a retirada total de umidade. Mesmo um grão seco tem entre 10 e 15% de umidade. Assim 1Kg de milho grão equivale, em termos nutricionais à 850-900 gramas de nutrientes, o restante é água.

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