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A importância das cores nas galinhas

Desde 2009, quando compramos a Chácara Dornas Homestead, criamos galinhas caipiras para consumo. Minha criação comercial iniciou muito antes em Trindade-GO e desde então me deparo com algumas curiosidades do mundo avícola.

Nas primeiras semanas após a compra da Chácara Dornas Homestead, já estruturei um galinheiro improvisado (que me deu, claro, dores de cabeça) e coloquei uns franguinhos. Eram Índios Gigantes – IG – uns ganhados do meu vizinho Cleydson Santana, outros comprados dele mesmo. Após essa primeira aquisição, comprei ovos férteis de Plymouth Rock Barrado, New Hampshire e Gigante Negro de Jersey. Quando viajava de carro e encontrava umas caipiras de bom padrão também comprava, fiz isso até meados de 2012, quando fechei minha linha. Em 2011 comprei ovos de Leghorn Branca, além de uns híbridos caipiras que com frequência comprava para comparar minhas linhas e fazer cruzamentos testes. Essa foi minha base genética.


Até 2014 estruturei uma produção de pintinhos de um dia de três linhas de caipiras que fiz, uma carijó, (Plymouth x Gigante negro) de base, uma vermelha e outra branca (New hampshire x IG), Caipiras comprados nas fazendas compunham todas as linhas. As leghorns foram um desastre e eliminei. Alguns filhos de caipiras precoces (caipira pesadão, caipirão, etc) acabei mantendo e incorporei na linha vermelha.

Neste mesmo ano – 2014 – me aventurei em morar no Acre (durou dois meses) e acabei finalizando a produção comercial de pintos de um dia. Na ocasião estava com cerca de 400 matrizes e reprodutores das diversas linhas. Reduzi para cerca de 30/40 animais.

A mudança não deu certo – mas já tinha vendido quase tudo – e voltei para Brasília.

Mantive esses animais, reproduzindo muito pouco, até 2016, quando repaginei a Dornas Homestead para uma produção menos comercial e mais de subsistência.

Dividi os animais que tinha - basicamente e totalmente ao acaso eram animais da linha vermelha – em animais mais leves e mais pesados, como tinha pescoço pelado nos mais pesados – e não é um bom gene para postura – fiz minhas linhas assim:

Galinhas com até 2,5Kg e galos até 3,5Kg linha de postura;

Animais mais pesados e pescoço pelado, linha corte.


Qual era a cor?

Vermelhos.


Embora tinham tons de dourados diferentes e bem diversos, a base era os dourados. Para quem já está familiarizado com os genes:


  • Dourado;

  • Colúmbia;

  • Dark brown;

  • Selvagem e trigo;

  • Cristas ervilha, bola e serra;

  • Pescoço pelado;

  • Vermelho autossomal;

  • Pele amarela;

  • Ovos rosas e azuis.




Em 2017 comecei a seleção dos melhores, defini alguns critérios de qualidade – o arquivo em PDF será disponibilizado em nossa página, os padrões estão na figura abaixo.




Lembra que disse no início do post que me deparei com algumas curiosidades, pois bem, uma delas é o fato que as pessoas – possivelmente você – entende como padrão de qualidade a cor das penas. Sim! Por mais que isso não interfira na qualidade da carne do animal ou dos avos, muitos de nós fazem curiosas conexões entre cor de pena e qualidade do frango/ovo.

Eu raramente vendo animais para consumo vivo, logo não tinha muito o que se preocupar, certo? ERRADO.


Mesmo tendo meu foco em autossuficiência e venda de excedentes eu faço aquilo que sei de melhor – melhoramento genético – logo, muitas dos visitantes que recebia na chácara, era para além de conhecer meu sistema de produção, comprar ovos férteis e reprodutores e inevitavelmente quando viam meus animais, exclamavam:

- “É caipira melhorado?”

Putz

Várias gerações de melhoramento, ninho alçapão, teste de progênie descarte (abate) de animais valiosos para manter o padrão e ouvi que minhas matrizes eram compradas em lojas agropecuárias era triste.


Tinha duas saídas:

1- ignorar e continuar meu trabalho, correndo o risco de continuar cultivando a dúvida, ou

2- trocar a cor.


Parece simples, mas não é. Introduzir um animal vindo de outra criação sem controle de nada poderia pôr em risco todo o trabalho de melhoramento, mas arrisquei.


Na linha fêmea foi mais fácil, pois já tinha animais portadores de outras características que eu lutava para eliminar – conhecem a história do champanhe? Foi isso. Na ocasião da decisão, separei três reprodutores azuis, mas com outros genes, Pg, mo, Bl, mas com uma grande característica, eles (dois deles) não tinham o Co, Colúmbia o gene que faz com que o corpo do animal fique todo marrom (ou branco), principal característica das raças de lojas agropecuárias. Mantive umas fêmeas pratas com outros genes como o Birchen.

Na linha macho foi mais difícil, como a pressão de seleção é maior, já havia fechado o livro. Todos ewh, s, Co, Na, Ap. e testados, todos homozigoto. Solução? Introduzir sangue novo.


A situação é mais ou menos assim, um construtor faz uma parede reforçada, sólida e bem resistente, faz um reboco impecável e pinta com uma tinta muito cara. Daí vem o dono do imóvel e diz: “estou pensando em fazer uma janela aqui”. Perceberam?

Bem, o jeito é quebrar o belo trabalho já feito.


Decidir por uma cor mais fácil e com poucos genes, e além disso, queria uma cor clara, para facilitar o abate. Se a linha fêmea não teria padrão, a linha macho deveria ter um padrão impecável. Meu desafio é ouvir: “Nossa, nunca vi dessa cor. Qual raça é essa?” Escolhi o Branco Dominante, vulgarmente conhecido como Red Pile e para dar um bom padrão vou manter o Ap, que dá a cor Red Shoulder.

Consegui quatro bons animais – caipiras – com o gene e aos poucos introduzi no plantel, em alguns animais. O grande obstáculo é que o gene Co, esconde o gene I – Branco Dominante. Hoje estamos na fase de eliminar o gene Co, três dos quatro reprodutores e cerca da metade das galinhas não tem mais o Colúmbia. Mas teve efeito colateral. Perdi a precocidade de 2,5Kg aos 70 dias, estou com mais de 90 dias para os mesmos 2,5Kg e ainda não avaliei a produção de ovos, mas aumentou fêmeas em choco. Além de ter perdido o pescoço totalmente pelado, hoje, a maioria tem o tufo de penas. Preço da aventura.


Por hora é isso. Queria compartilhar um pouco da seleção que estou fazendo e dividir o tempo que leva para fixar uma nova característica.

Espero que tenham gostado e não se esqueçam o PDF com as características da seleção – que envio para quem me compra ovos férteis – está em nossa página no face.

Tem um vídeo bem rapidinho no youtube também.

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