Acasalamento Gallus gallus I

Necessário em qualquer criação animal, os acasalamentos são condições sin ne qua non, para que as espécies se propagam e que nosso plantel aumente e quem sabe melhore.

Entretanto, não é simplesmente juntar um macho com uma fêmea e esperar o ovo, o pinto, o adulto, é necessário entender um pouco mais sobre qual galo e qual galinha serão os progenitores da próxima geração.

O primeiro de tudo, por mais lógico e banal que possa parecer é determinar o que eu quero, quais são meus objetivos com o resultado que quero ter. De forma bem ampla esses resultados serão divididos em animais de produção ou ornamental – ou ainda rinha –, se o foco será na melhoria de alguma característica – tamanho, peso, produção –, se será na introdução de algum fenótipo, como crista ervilha num plantel de Plymouth Rock, etc. Essa definição dos objetivos é o que vai me guiar na escolha dos reprodutores, e na seleção dos nascidos. Tenham em mente que alguns objetivos podem exigir alguns anos, outros podem ter resultados em uma única geração.

Uma vez definido os objetivos irei organizar os cruzamentos, para tal é importante a definição de alguns conceitos:

Acasalamento: o acasalamento é a união entre dois indivíduos de sexo oposto com o intuito de produção de um novo ser;
Cruzamento: é o mesmo que o acasalamento, entretanto nos referimos a cruzamento quando escolhemos animais com menos grau de parentesco, ou ainda uma linha, ou uma raça diferente, ainda entre espécies diferentes, como a galinha e o mutum;
Seleção: Escolha dos progenitores com as características desejáveis ao objetivo do acasalamento;

A seleção é feita de forma as vezes inconsciente, quando separamos um galo que gostamos mais ou uma galinha melhor de choco, etc. Quando estamos selecionando animais dentro de uma mesma raça, estamos acasalando indivíduos, quando estamos escolhendo qual raça usar como linha macho por exemplo estamos fazendo cruzamentos.

Neste post daremos ênfase ao cruzamento, já que nosso foco é melhorar as características do plantel e não somente em mantê-las. Não deixem de ler o post II sobre característica de bons genitores.

Os cruzamentos podem ser:

Simples;
Contínuo;
Rotacionado;
Alternado;
Tricross.

Esses cinco tipos de cruzamento são os clássicos e mais que suficiente para a criação de galinhas caipiras ou ornamentais.

O cruzamento simples é o mais fácil de compreender, é simplesmente cruzar um galo de uma raça com uma galinha da outra, é muito utilizado quando eu quero apenas o produto e não irei utilizar as crias para reprodutores. Neste cruzamento aproveitamos a heterose (veja os posts de genética para melhor compreensão) e tanto machos como fêmeas irão ser abatidos ou aproveitados para ovos, é os cruzamentos usados nos pintinhos caipiras melhorados (caipirão) que vemos nas lojas agropecuárias.

Sistema de cruzamento Simples, onde o produto AB será usado para abate ou postura.

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O cruzamento contínuo é utilizado quando queremos introduzir uma determinada raça no plantel, muito utilizada nos índios gigantes, até pelo elevado valor alcançado por cada animal. Introduz-se um macho (por ser mais fácil que dez galinhas) e aproveita suas filhas e faz outro cruzamento (ou com o pai ou com outro macho da raça), repetindo isso continuamente acaba-se por introduzir a nova raça, só não esqueçamos de selecionar as filhas com as melhores características da raça nova. Esse cruzamento também é conhecido como cruzamento absorvente.

Dependendo da raça e do nível de seleção podemos ter um plantel todo formado na terceira ou quarta geração

Sistema de cruzamento Contínuo, onde o objetivo é introduzir uma nova raça.

O cruzamento rotacional (rotacionado ou alternado simples) é o menos utilizado em avicultura e na verdade o mais desnecessário, muito utilizado para bovinos de leite ou até suínos, este cruzamento consiste em alternar a raça do reprodutor entre duas, ou as vezes, três raças. Consideremos um plantel sem raça definida e que estamos querendo melhorar a produção de ovos sem perder o desenvolvimento dos frangos machos (algo muito difícil na avicultura) daí escolhemos duas raças (Leghorn e Rhode Island Red) para melhorar essa produção. Inicialmente colocamos os reprodutores da raça Leghorn para cruzar com as galinhas caipiras, as frangas nascidas neste cruzamento serão cruzadas com reprodutores da raça Rhode Island Red, que por sua vez as frangas nascidas serão novamente cruzadas com Leghorn e assim sucessivamente alternando as raças em cada cruzamento. Na prática funciona assim, se a franga é filha do galo da raça A, cruza-se coma raça B, se é filha do galo da raça B, cruza-se com a raça A.

Sistema de cruzamento rotacional, onde o objetivo é ter as características das duas raças.

O cruzamento alternado é semelhante ao rotacional, com a diferença que a mesma raça é usada por mais de uma geração, geralmente três gerações, antes de se colocar outra raça, também não faz muito sentido para a avicultura alternativa.

O cruzamento tricross tem diversas vantagens, e é o que mais exige conhecimento em genética, pois além de demorado um erro inviabiliza o projeto. Sua maior vantagem é principalmente na obtenção da heterose, é semelhante ao cruzamento simples, entretanto no tricross fazer o primeiro cruzamento com foco nas fêmeas, daí descartamos os machos e cruzamos as frangas com outra raça diferente. Por exemplo, vamos produzir um tricross de bom ganho de peso, primeiramente escolhemos duas raças com boas características maternas e com um bom ganho de peso – o foco, se produção de ovos ou peso será de acordo com o planejamento – por exemplo fêmeas New Hampshire com machos Plymouth Rock, esse é um cruzamento muito bom para o tricross pois vai facilitar a sexagem posterior. Descarta-se os machos (engorda e vende) e aproveita as fêmeas que serão todas carijós e boas fêmeas para botar muitos ovos, escolhemos então uma outra raça diferente das anteriores para cruzar com essas fêmeas, que poderá ser o Índio Gigante, dessa forma teremos pintos para abate que em função da heterose serão abatidos muito mais rápido.