Nutrição de Frangos II

Parte II

A decisão de fornecer uma alimentação bem variada é em função das galinhas serem onívoras, ou seja, comem de tudo, assim como nós seres humanos, por isso é muito importante fornecermos uma alimentação bem rica e variada.

Na parte I desse post falei sobre a lei do barril. Essa é uma lei clássica quando falamos de nutrição. Imagine um barril de madeira, daqueles antigos feitos com várias ripas de madeira. Se colocarmos o barril em pé e cortarmos uma das ripas pela metade e enchermos o barril de água, ele só se encherá até a metade, pois, quando chegar à ripa cortada a água irá derramar. Analogicamente, o barril é a capacidade do animal em desenvolver, de crescer e de produzir, se limitarmos algum nutriente na alimentação desse animal, como a ripa cortada ao meio, ele se desenvolverá até o limite do nutriente que for menos fornecido, daí a importância de conhecermos bem as necessidades do animal e de fornecermos o que ele precisa.

Na nutrição temos os macro nutrientes onde a necessidade é maior e os micro nutrientes onde a necessidade em gramas é bem menor, mas não menos importante. Os macronutrientes fornecem energia e podem até certo ponto serem substituídos um pelo o outro, por exemplo, na falta de gordura o animal retira energia das proteínas e vice-versa.

Os macro nutrientes são:

Proteína: as proteínas são os mais importantes pois fornecem aminoácidos, nutrientes importantíssimos na alimentação, alguns aminoácidos são produzidos pelo próprio corpo a partir de outros nutrientes ou outros aminoácidos, outros aminoácidos não podem ser produzidos pelo organismo, ou não é produzido em velocidade suficiente para o animal se desenvolver e por isso precisamos fornecer na alimentação, esses aminoácidos chamamos de essenciais. Por isso o cuidado na fonte da proteína, por exemplo a pena de galinha contém mais de 70% de proteína, de qualidade tão ruim que não serve de nada. A melhor fonte de proteína são os alimentos vivos (que não necessariamente devem ser servidos vivos) como os insetos (larva de tenébrio, de mosca, grilos, etc) ou as minhocas que possuem uma proteína de excelente qualidade. O cuidado é que elas podem ser hospedeiras de verminoses, então muita atenção.

Na falta de alimentos vivos, a farinha de carne e ossos é uma excelente opção.

Carboidrato: os carboidratos são divididos em fibrosos (capim, folhas, talos) e não fibrosos, grãos e tubérculos. As galinhas não têm a capacidade de retirar sua energia somente das folhas e embora elas forneçam um pouco de energia, não entram no cálculo da ração diária. As melhores fontes de carboidratos são os grãos e os legumes/tubérculos (peço a licença poética de chamar as raízes também de tubérculos e alguns frutos de legume (como a abóbora)). Em função da facilidade de armazenagem dos grãos, principalmente o milho e o sorgo, são os melhores. É possível armazenar por mais de um ano e isso nos permite ter uma safra que dure todo o ano. Porém, por serem difíceis de se produzir em propriedades de menor porte acabem ficando em segundo plano. Abóbora, batatas e mandiocas acabam sendo mais fáceis de se produzir e são excelentes alimentos – embora caro. E isso será assunto para outro post.

Lipídio: ou gorduras são os nutrientes que por grama fornecem mais energia, na média o dobro dos carboidratos e proteínas. Além de excelente fonte de energia – sua principal função – os lipídios são importantes em outras funções do organismo, como o transporte de vitaminas lipossolúveis ou o fornecimento de outros nutrientes importantes, como o colesterol. As galinhas não necessitam de grandes quantidades de lipídios na alimentação e dificilmente irão perecer por falta desse nutriente.

Os micro nutrientes são:

Vitaminas: As vitaminas são pequenas moléculas que embora não forneçam energia de forma significativa são muitíssimas importante na nutrição, pois elas podem servirem de catalizador (acelerador de funções metabólicas) ou de veículo para outros nutrientes, como o caso da vitamina D3 que transporta o cálcio para as células. Animais que vivem soltos, com acesso a folhas ou insetos geralmente não tem problemas com vitaminas. No ceco da ave acontece uma explosão de microrganismos e muitos deles produzem vitaminas essenciais, por isso também devemos tomar cuidado com o uso de antibióticos.

A título de exemplo queria compartilhar uma experiência desastrosa que tive: Certo ano, de muito frio, deixei um lote de 50 pintainhos fechados num galinheiro com bastante espaço até por volta dos 45 dias de vida. Esse lote era para uma experiência de uma alimentação balanceada sem uso de núcleos comerciais. Entretanto por volta dos 30 dias de vida inciou uma alta mortalidade e minha suspeita fora o canibalismo, pois os animais mortos tinham suas vísceras todas comidas, estavam literalmente ocos. Tentei de tudo sem sucesso. Até perceber que alguns animais estavam fracos e durante a noite morriam, como estava frio peguei os mais fracos e coloquei nas baterias com aquecimento e alimentação comercial e todos melhoravam com um ou dois dias, fiz então algumas necrópsias em animais fracos e já mortos. Então liguei os fatos, era problemas nutricional e a causa era vitamina K. Imediatamente comprei um vitamínico K e apliquei em todos. A mortalidade cessou. Uma vitamina ligada à coagulação sanguínea quase inviabilizou meu projeto. Passei a fornecer ovos brancos (ovos inférteis retirados da incubadora aos sete dias) cozidos na panela de pressão para esterilizar. Resolvido!

Uma vez aprendido passei a incorporar fontes animais na nutrição das aves, sempre dando preferência para os alimentos vivos, mas forneço também uma pequena concentração de farinha de carne e ossos o que fornece também cálcio e fósforo.

Minerais: Os minerais são componentes não orgânicos da alimentação e não podem em hipótese alguma ser produzido pelo animal ou por plantas eles devem estar no solo para então a planta absorver para então o frango ou outro animal (insetos, minhocas, etc) absorverem, daí a importância da adubação ;). A preocupação aqui é balancear seu fornecimento, muito cálcio - Ca interfere na absorção do fósforo -P. Pouco selênio teremos problemas com reprodução, e etc. Alimentos verdes, grãos e fontes animais irão fornecer o suficiente para seus animais crescerem fortes e saudáveis.

Por hora é só, mas não percam os próximos posts, pois é um assunto muito complexo e cheio de detalhes, aqui foi só o básico.